domingo, 22 de janeiro de 2017
POESIA = Adelmar Tavares
Francisco, Meu Pai
Como que o vejo... o chapelão caído
Sobre a cabeça branca de algodão...
Buscando o campo, - o dia mal nascido,
Voltando à casa, o dia em escuridão.
Lavrador, fez da terra o ideal querido.
“Meu filho, a terra é que nos dá o pão”,
Dizia-me. E cavava comovido,
A várzea aberta para a plantação...
Mas um dia, eu, pequeno, vi, cavando,
Sete palmos de campo, soluçando,
Uns homens rudes ... Tempo que já vai!
“Francisco, adeus”! Diziam repetindo.
Meu pai desceu de branco... Ia dormindo
Fechou-se a terra... E não vi mais meu
pai!
ADELMAR
TAVARES
RECIFE-PE = 1888-1963
CRÔNICA = Vinícius de Moraes
Procura-se Um Amigo
Não
precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia,
de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da
brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não
ter esse amor... Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam
consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é
preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso
que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um
ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande
vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo
deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o
imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não
puderam nascer.
Procura-se
um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das
recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para
contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças
de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva,
de se deitar no capim.
Precisa-se
de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas
porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para
não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata
nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a
consciência de que ainda se vive.
VINÍCIUS DE MORAES
RIO
DE JANEIRO-RJ = 1913-1980
domingo, 8 de janeiro de 2017
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Praia do Paiva
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Praia de Calhetas
Praia de Calhetas
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