LUÍS DE
CAMÕES
Portugal –
1524-1580
Alma minha
gentil, que te partiste
Tão cedo
desta vida descontente,
Repousa lá no
Céu eternamente,
E viva eu cá
na terra sempre triste.
Se lá no
assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta
vida se consente,
Não te
esqueças daquele amor ardente,
Que já nos
olhos meus tão puro viste.
E se vires
que pode merecer-te
Algua cousa a
dor que me ficou
Da mágoa, sem
remédio, de perder-te,
Roga a Deus,
que teus anos encurtou,
Que tão cedo
de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de
meus olhos te levou.
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