sábado, 15 de setembro de 2012

POESIA = Guerra Junqueiro

GUERRA JUNQUEIRO
PORTUGAL = 1850 / 1923


 
Post-Scriptum


 
Quando eu morrer abram-me o peito
E desta jaula, onde houve um leão,
Tirem, o cárcere era estreito,
Meu velho e altivo coração.

Depois sem dó e sem respeito,
Sem um murmúrio de oração,
Lancem-no assim, vai satisfeito,
À vala obscura, à podridão,

Para que durma e se desfaça
No lodo amargo da Desgraça,
Por quem bateu continuamente,

Como um tambor que entre a metralha
Estoira ao fim duma batalha,
Rouco, furioso, ansioso, ardente!

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