P E D R O T I E R
R A
PORTO
NACIONAL-TO = 1948
O Capuz
Cá está o capuz sobre a
grade.
Traz consigo uma segura
promessa de dor. Na boca
do sentinela um meio
riso.
Cá está uma parcela da
noite
cobrindo meu rosto.
A mão de meu inimigo
determina o caminho.
Pelos corredores aprendi
o jeito inseguro dos
cegos.
As mãos tateando a
parede.
Sob os pés a escada
imprevista,
o degrau a mais, a
queda,
o riso dos soldados,
o gesto perdido buscando
uma porta que não houve.
O passar dos dias
e as cicatrizes no corpo
ensinaram-me esse
caminho.
Nos dedos guardei as
arestas,
o ferro das portas,
o fio dos dínamos.
No dorso a marca
desses dias de sombra.
O capuz repete a dor
no corpo de cada
combatente,
uma dor mercenária
recrutada a serviço da
noite.
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